quinta-feira, 16 de março de 2017

Entrevista com a banda Kbrunco



   Para quem é de Ribeira do Pombal e tem lá seus trinta e poucos anos tem no imaginário como uma das principais bandas do cenário independente do interior da Bahia a Kbrunco. Ainda em fita cassete o som da banda de Serrinha se proliferou e era presença certa na roda de violão da Praça Getúlio Vargas num tempo não muito distante. A banda deu um tempo e agora retorna com tudo. Aproveitando a vinda do grupo a R. do Pombal batemos um papo com Cristiano, baterista e um dos fundadores do grupo. 

Kbrunco

  Eventual:   A banda Kbrunco passou por um período de hibernação, foram vários verões e invernos. Por quanto tempo vocês ficaram inativos e quais os motivos que viabilizaram este retorno? Quem são os integrantes e as influências musicais, atualmente?

Cristiano: Pois é, foram 10 anos longe dos palcos, porém muito próximos da ideia de voltar, pois a banda sempre foi uma grande paixão nossa e as músicas compostas desde 1993 sempre ecoaram dentro da gente. Tanto eu Cristiano (Bateria), quanto Nido (Vocal) que somos da formação original sempre tivemos isso dentro de nós e agora temos um reforço de Léo (Guitarra) e Willix (Baixo) que na verdade cresceram vendo a Kbrunco tocar nos shows e são grandes fãs da banda, o que tem sido muito bacana no nosso retorno, um encontro de gerações dentro da própria banda. Sobre as influências nunca nos limitamos muito, nunca nos prendemos a estilos, mas que não podemos negar RDP, Garotos Podres, Titas, Sepultura, Ulo Selvagem e claro Malaco Véio.

    E: A banda participou em fevereiro do festival Palco do Rock, em Salvador, evento de ampla visibilidade no Estado. Já existem uma agenda de shows da banda. Então, como será a projeção deste retorno da Kbrunco à cena?

C: Tem sido algo mágico nosso retorno. Nosso primeiro show da “re-volta” foi no Dia Municipal do Rock em Serrinha (em praça pública) em 30 de Julho de 2016, depois fizemos o Boicote Rock Festival em Novembro, participamos de uma intervenção cultural no Beco do Urubu em Serrinha ao lado do TEST, renomada banda grind de São Paulo ambos shows em nossa cidade e o Palco do Rock foi nosso primeiro show fora de Serrinha desde que retornamos e o primeiro dessa nova formação, e logo no maior festival do Estado, o que foi muito gratificante pra nós. Foi como se estivéssemos alí pela primeira vez, mas na verdade já seria nossa terceira participação desse evento, já que havíamos tocado também em 2001 e 2006 e sempre fomos muito bem recebidos pelo público. E tem muita coisa bacana ainda por vir nos próximos meses. Estamos na estrada novamente....

 E: Ribeira do Pombal tem uma relação muito estreita com Serrinha. A sua cidade foi importante para as bandas locais, marcou a estreia da Malaco Véio em festivais de rock, bem como, para a galera de Pombal realizar o intercâmbio cultural e social. Assim, como a Kbrunco, junto com os Tenebrosos, participaram do primeiro festival de rock de R. do Pombal, em 2001, e posteriormente outras bandas       serrinhenses estiveram em Pombal, como a Cladóceros e Mutukore.  Após 16 anos a Kbrunco retornará a Pombal, uma geração passou e outras foram formadas. Então, o que a galera poderá esperar deste retorno da banda a cidade, no dia 18 de março, no evento Rock na Praça, organizado pela Malaco Véio?

C: Realmente Serrinha e Pombal são muito próximas com nossa relação com o Rock. Já trouxemos a Malaco pra vários festivais em Serrinha e nossa vontade de retornar a Pombal era enorme e agora 16 anos depois voltar vai ser algo surreal pra nós. Estamos felizes demais pois tocaremos ao lado de duas bandas que respeitamos muito que é a Malaco Véio e os novos amigos pombalenses da Rato Preto. O barulho vai ser louco, disso temos certeza!

E: O que levou você a parar de fazer eventos por um longo período e o que o fez retornar às atividades? Neste hiato, o que mudou na cena cultural rock da região, quais características potencialmente a ser exploradas e o que ainda falta ser melhoradas?

C: Particularmente comecei a produzir shows em 1993 com o surgimento da Charcot (banda de Heavy Metal também de Serrinha na qual eu tocava) e logo em seguida em 1994 com o nascimento da Kbrunco me fez abrir minha mente pra outros estilos musicais, novas influencias e tocando em duas bandas havia uma necessidade de tocar, mostrar o que tínhamos de legal na garagem pra as outras pessoas. Tanto que nossos ensaios eram bem loucos, com 40, 50 pessoas aprendendo junto conosco nossas próprias músicas. Na verdade parei durante 1 único ano de produzir, eu não aguentei muito ficar parado... mas em compensação teve anos como 2004 de fazermos 11 shows em Serrinha trazendo bandas de todos cantos do país e até de fora. Apesar das dificuldades temos muito o que crescer em termos regionais. A cultura do ROCK é forte no interior, pequena, porém forte e o que mantém o cenário forte são as bandas locais. A cidade que não tem banda dificilmente conseguirá entrar na rota de shows, pois são as bandas quem mantem viva a paixão pelo estilo e influencia gerações. Tem sido assim com Serrinha e creio que com pombal também.


 E: O Museu do Rock é um projeto inédito, acredito eu, até a nível estadual. Qual é a proposta deste projeto? Existe uma sede fixa, como funciona, e como os interessados poderão contribuir?

C: O Museu do Rock em Serrinha não foi uma coisa pensada. Simplesmente bateu a ideia e iniciei. Como eu sempre guardava cartazes de shows, flys, camisas, fitas cassete, vinis, banners e tudo mais relacionados aos shows locais e também dos que tocávamos nas outras cidades. Daí simplesmente resolvi digitalizar e postar no facebook pra as pessoas tivessem acesso a essas informações e com isso surgiu a ideia do Museu propriamente dito, físico, onde as pessoas possam ir visitar. Atualmente estamos com uma loja na Galeria Freitas em Serrinha, que é nossa sede física por enquanto, mas nossa ideia é levar o Museu pra os futuros shows e festivais, torna-lo itinerante e futuramente batalhar e ter um apoio da Secretaria de Cultura local pra ter uma sede permanente pra esse nosso acervo, é uma questão de tempo.

Atualmente estamos emoldurando quadros dos cartazes e quem quiser contribuir e “adotar” um quadro basta entrar em contato conosco, ainda temos cerca de 60 quadros pra fazer, é muita recordação. Quem adota o quadro recebe um certificado de colaboração do Museu e assim entra pra histórica junto conosco preservando parte importante do nosso acervo cultural para as próximas gerações.

E:   Você é muito ativo na cena cultural de Serrinha, produz os festivais Boicote Rock e o Sisal Rock, trouxe o Kiko Loureiro Trio, o workshow com o guitarrista Marty Friedman, ex-Megadeth, é responsável pelo Museu do Rock, resgatou e participa do Coletivo Beco do Urubu. Tornando, a cidade de Serrinha uma referência para a cena rock no interior da Bahia. Portanto, quais conselhos daria para a galera que está iniciando uma banda, queira produzir shows ou movimentar a cena de qualquer forma?

C: Nos últimos 23 anos foram muitas produções, de vários níveis, desde a Peste Bubônica (primeira banda de fora que trouxemos pra Serrinha) em 1993 até a grande Dr Sin que fizemos em 2016 foram muitos acertos e alguns erros. Kiko Loureuro e Marty Friedman sem dúvida foram de grande importância e visibilidade, mas o mais importante é o fato de tratarmos a todos os artistas com o mesmo respeito.Minha dica pra os que estão chegando agora é que acreditem nos seus sonhos. Formem bandas, fomentem a cultura do rock cada vez mais, provoquem a sociedade através do barulho da música pesada. Particularmente acredito no poder da transformação da sociedade através da cultura. Seja ela tradicional ou algo novo. O Rock se torna tradição através da atitude dos poucos que encaram e botam o pé na estrada. Serrinha e Pombal estão no caminho certo assim como várias outras cidades do interior da Bahia e do Brasil. Mas as dificuldades são extremas e só conseguimos algo se formos persistentes. Nossas cidades são referência pois partilhamos das mesmas iniciativas.

  E: Obrigado Cristiano, saudações, vida longa ao Kbrunco e sejam bem-vindos novamente. 

C: Nos que agradecemos. Sabemos que vamos nos divertir muito nesse nosso reencontro com a turma de Pombal nesse fim de semana, temos noção que alguns amigos que estavam em nosso primeiro show de 2001 estarão lá e isso é demais pra nós, assim como vai ser legal conhecer novos amigos. Estamos ansiosos e felizes em participar de um evento que tem seu diferencial por ser beneficente. Tem coisas que só o ROCK proporciona. Por essas e outras que achamos que vale a pena fazer rock e por isso voltamos a estrada, como diz nossa música “somos jovens atrás de diversão”.

Entrevista: Décio Filho e Danilo Cruz.
Texto: Danilo Cruz.

@eventualrock 

sábado, 11 de março de 2017

Festival Cultural Agroecológico Rasga-mortalha

Dia 18 de Março de 2017 em Delmiro Gouveia, Alagoas...




O Festival Cultural Agroecológico Rasga-mortalha é um evento beneficente - sem fins lucrativos - que tem como objetivo promover música e consciência ambiental através de apresentações culturais de bandas independentes de diversos gêneros musicais e debates sobre recuperação e preservação do bioma caatinga. Bioma esse exclusivamente brasileiro. Situado no nordeste do Brasil, a caatinga (mata branca) vem sofrendo constante perda de sua vegetação original devido, principalmente, ao desmatamento para a criação de pastos para pecuária. Diante desses eventos, torna-se necessário a realização de debates para conscientização do público presente sobre a preservação desse bioma.

Para participação do festival será requerido, além do valor simbólico de R$ 10,00 para custeio das bandas e demais eventualidades, 1kg (um quilo) de alimento não perecível, cujo montante arrecadado será doado à ocupação das 369 casas, localizada no Bairro Craibeirinhas.

ATRAÇÕES CONFIRMADAS:

*CLASSE SUBURBANA (show de reunião dessa clássica banda punk local)
*AUTOCULTIVO (reggae)
*SEXO ON THE GRUTA (surf music)
*ATAQUE CARDIACO (anti-rock)
*MISANTROPIA (hardcore)
*PEDRO SALVADOR (rock psicodélico)
*RÄIVÄ (crustcore)
*PUTREFAÇÃO HUMANA (noisegrind)
*OLHO POR OLHO (noisecore, hc)
*O CISCO (rock'n'roll)
*O VENTO AZUL DO SOM (psicodelia)


+Roda de conversa sobre preservação da caatinga e agroflorestamento.
+Área para camping.
+Stands de material independente: lps, cds, camisetas, livros, zines.
+Venda de bebida e comida.

O woodstock da caatinga!

O Sítio Flora Luiza fica localizado no povoado Angico (próximo ao distrito Lagoinha).

Delmiro Gouveia - AL

Patrocínio:
Nininho Tattoo
Não-vida Discos
Purgatorius records
Rapadura Discos

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

RESENHA DE SEXTA #08# RATO PRETO H.C.

Rato Preto H.C.

Formada em 2014, em Ribeira do Pombal, Bahia, eles se chamam Rato Preto H.C. Os membros da banda são Jameson Souza (vocal), Jefferson Buje (baixo), Clemerson Bats (guitarra) e Ronald Souza (bateria). Suas influências musicais são DRI, Ratos de Porão, Slayer – só para citar alguns. Em 26 de julho de 2016, foi lançado o primeiro EP, intitulado "Negocinho Podre", com uma sonoridade marcada por elementos do hardcore punk e Thrash metal.


Produzido e gravado em Ribeira do Pombal, o EP segue o mote do crossover thrash guitarra marcante, cheia de riffs, blast-beats e letras baseadas no protesto político, social, revolta e cantadas de forma agressiva. Negocinho Podre é pesado, rápido e criativo, com uma sonoridade crua e eficiente. 

EP - Negocinho Podre
Com 11 faixas no total e quase 20 minutos de duração de som, os caras mostram que sabem o que estão fazendo. A faixa 01 "Intro", um áudio das manifestações de 2013, a qual dá o tom da temática inicial do EP. Ao longo das músicas as variações rítmicas são evidentes. Iniciaram com linhas de hardcore punk cadenciadas por pegadas de thrash metal, da faixa 01"Intro" à 05 "Corrupção". Sendo um divisor a faixa 06 "Baby Dragon" que é um grindcore, na medida certa. 

Na sequência, o andamento das músicas ganha velocidade e agressividade, sem pena. Destacam-se as músicas 08 "Guerra Desgraçada",10 "Matem Jack" e 11 "Mentiras do Comercial" que são para bater cabeça e formar o mosh pit, um thrashcore espetacular, na linha de bandas brasileiras de thrash metal oitentista, como Comando Nuclear.A banda tem potencial para evoluir. E, certamente, valerá a pena aguardar os seus próximos trabalhos.



Texto: Décio Filho | Fotos: Acervo Rato Preto


sexta-feira, 8 de maio de 2015

RESENHA DE SEXTA #07# ENTREVISTA: BETO CUPERTINO


Leitores deste blog entrelaçado nas redes do nordeste da Bahia para o mundo, apontamos nosso barco digital no sentido do pacífico sul - sempre - e paramos em Goiás, terra de rock, terra de Goiânia; que vem datilografada aos meus olhos desde a finada revista outra coisa com suas bandas e festivais, mudando completamente o eixo das relações musicalescas deste trópico.

É de lá que fala nosso entrevistado: Beto Cupertino. Quem é ele? Escritor, poeta, músico, ativista cultural[...] ele traz as boas novas do cerrado e apresenta para você seus inúmeros projetos, se é que você ainda não os conhece.

 
Foto de Laíse Chagas


Eventual Rock: O Aliança Hostil é um reflexo aos acontecimentos políticos de 2014? Falo isso pois ao escutar o disco senti uma tremenda conexão com o Brasil atual.

Beto Cupertino: Não necessariamente, embora uma ou outra música possa ter, porque são novas. Mas outras dessas músicas já tinham sido escritas antes de 2014. Então não seria adequado dizer que foi um disco pensado pelos acontecimentos de 2014, porque não foi, não!


EVENTUAL ROCK: Beto, TONTO é sua válvula de escape, são as canções que não cabem no ideal da Violins?

Beto Cupertino: Na verdade, não considero o Tonto uma válvula de escape. É mais uma possibilidade de fazer música com pessoas que eu gosto muito e respeito, então nesse sentido para mim está no mesmo patamar do Violins ou qualquer outra banda que eu venha a participar. Essa separação não existe na minha cabeça sinceramente!
 

Eventual Rock: Existe pretensão para um novo disco da TONTO, existe alguma possibilidade de turnê pelo nordeste?

Beto Cupertino: Por enquanto não falamos sobre disco novo ainda. Fazer show pelo nordeste seria muito massa, mas também tenho que ser realista de saber que a banda é pouco conhecida, não possui um público certo que vá levar um produtor a topar esse tipo de aventura.

Eventual Rock: A TONTO tem espaço na atual composição dos festivais independente nacional? Por quê?

Beto Cupertino: Acredito que sim! Já tocamos em alguns festivais independentes grandes recentemente, acho que podemos tocar em qualquer festival sem nenhum problema!

Eventual Rock: A Violins já deu uma pausa outras vezes e acabou voltando com outros discos, podemos esperar mais algum disco da Violins para os próximos anos, esse show recém anunciado por vocês pode um ser início de mais uma serie de shows e quem sabe um novo disco?

Beto Cupertino: Na banda, a gente sempre vai levando naturalmente. Decidimos fazer esses shows agora depois de muito tempo, e foi muito legal a decisão. Ainda não conversamos nada sobre fazer um novo disco, mas isso não está descartado, não... se surgir a vontade de todos em conjunto, por que não?

Eventual Rock: Recentemente você em uma de suas redes sociais demonstrou o interesse de lançar um disco solo, usando seu nome, talvez até através do sistema de financiamento coletivo, já existem canções para esse possível projeto, o que o diferenciaria de seu projeto chamado Perito Moreno?

Beto Cupertino: Sim, as músicas já estão todas prontas. Estou finalizando umas ideias para tentar um financiamento coletivo. O projeto perito moreno era de músicas em inglês gravadas caseiramente só com voz e violão, ou piano e voz. Esse disco que pretendo gravar será feito com banda completa e as músicas não são em inglês, por isso não vai lembrar em nada aquele outro projeto.

Eventual Rock: Seu primeiro livro foi muito bem aceito por críticos e fãs, existe um desejo de mais algum livro, ou quem sabe uma coletânea de crônicas?

Beto Cupertino: Cara, escrever um livro é um trabalho danado. Eu passei a respeitar muito mais o escritor nacional, porque é um meio complicadíssimo. Eu ainda não juntei forças para iniciar um novo projeto, mas eu acho que mais cedo ou mais tarde vou acabar escrevendo outra coisa, porque é o que sempre fiz desde que me entendo por gente.

Eventual Rock: Quais bandas e livros têm feito parte de seu dia a dia, o que você poderia recomendar para nossos leitores?

Beto Cupertino: Atualmente tenho ouvido o novo do Death Cab for Cutie que gosto muito. Tenho lido mais livros ligados à minha atuação profissional como pesquisador da Assembleia Legislativa, livros ligados à área do poder legislativo, processo legislativo, acho que não seria uma boa recomendação para os leitores!rs Embora eu sinceramente goste muito do tema.

Eventual Rock: Desde a época do finado Orkut, não somente você, mais os outros membros da Violins tinham contato direto com os fãs da banda, noto que isso ainda acontece com você no Facebook, qual a importância que você dá a isso e em que as diversas opiniões te influencias no processo de composição?

Beto Cupertino: Por que eu não teria contato com as pessoas que se identificam com o que eu faço? Eu sinceramente não consigo entender como alguém pode se achar destacado daqueles que admiram o que ele faz. Não entra na minha cabeça alguém que não tenha ‘contato com fãs’. Isso é meio pobreza de espírito. Quero estar em contato com as pessoas que têm consideração por mim, que gostam das coisas que eu componho, me sinto unido a elas. Sem dúvida que eu posso levar uma crítica para a hora da composição. Já ouvi muitas críticas que levei a sério e percebi que estavam corretas e mudei algumas coisas. Outras são coisas que a gente confia que precisa passar e assume o risco, até porque também deixar de ser quem você é para querer satisfazer todo mundo é uma missão meio sem noção pra mim.

Eventual Rock: Como funciona seu processo de composição, primeiro vem as letras em seguida as melodias? As novas tecnologias lhe ajudam na hora de gravar algo que logo lhe vem em mente? 

Beto Cupertino: Normalmente eu começo fazendo alguma sequência de acordes, depois vou bolando alguma melodia e junto a ela vou testando palavras e letras. Muitas temáticas já surgiram apenas do fato de uma palavra ter servido bem num lugar e essa palavra ter despertado um tema na minha cabeça. Então as coisas vão acontecendo assim. Depois eu pego o texto e vou tentando melhorar.

Eventual Rock: Goiânia tem sido um celeiro de grandes bandas para o cenário nacional, como você vê a cena goiana atualmente?

Beto Cupertino: Muito rica de bandas de diversos estilos. Eu acho que Goiânia não deve nada a nenhuma cidade do Brasil em termos de qualidade de bandas. Poderia fazer uma lista de pelo menos umas 20 bandas autorais com trabalhos de muita qualidade dentro de várias vertentes do rock/pop/mpb.


|Texto: Danilo Cruz | Entrevista: Jefferson Brito | Foto: Laíse Chagas |
|Onde encontrar? http://www.violins.com.br/ |

sexta-feira, 17 de abril de 2015

RESENHA DE SEXTA #06# WADO



Oswaldo Schlikmann Filho mais conhecido por Wado, tem uma grande facilidade de se renovar a cada disco. Não foi diferente dessa vez, ao começar as gravações do seu oitavo disco de inéditas ele afirmou estar ouvindo muito indie rock e que isso iria influenciar nesse novo trabalho, não tardou e Wado lança um clipe com uma estética mais rock n roll, “um Wado diferente, mas não estranho” – disse minha esposa. O clipe da música “Lar” foi gravado na jornada Adobe tendo como cenário o belíssimo Armazém Usina em Maceió, um velho conhecido para os fãs do Wado que moram em Alagoas.

O disco começa com “Lar” juntando elementos já conhecidos pelos ouvintes do músico com uma pegada ou pouco mais ousada, com guitarras mais rasgadas e bateria um pouco mais pesadas, o álbum segue com a canção “Cadafalso” que conta com a primeira participação do disco, Wado divide os vocais com Lucas Silveira, segue a energia da primeira música. É na terceira faixa que eu senti a influência do indie, melodia animada que me remeteu aos franceses do Phoenix; “Deitar” conta com Samuel Úria que acredito ser a canção mais animada do Álbum.

Pois o que vem em seguida é um Wado introspectivo, surgem violões e uma voz feminina: é a Graciela Maria. “Galo” faixa que nos faz mergulhar num Wado de outrora, “Condensa” é uma das minhas preferidas, conta com três vozes diferentes, João Paulo, Martin e Belen Natali com sua voz espetacular. “Mundo Hostil” Gonzalo Dinis o Franny Glass e Wado falam sobre a dor de viver em um mundo tão conturbado.

Em “Menino Velho” ele fala sobre crescer, um homem uma criança envelhecida, “Sombra” é outra canção impar na carreira do Wado, bela melodia e letra brilhante, “Palavra Escondida” fala sobre aquilo que nunca dizemos, as palavras que dizemos a nós mesmo e sentimos como se tivéssemos transparecido nossos sentimentos. O disco termina com “Um Lindo Dia de Sol” canção um tanto mexicana e animada, nos dá esperança!

1977 é o oposto do “Vazio Tropical” é um outro caminho, a própria descrição deixa claro essa intenção, Wado não gosta de se repetir e sabe seguir em frente, acho isso um ponto positivo na carreira de um músico, ele nos surpreende a cada disco, cada show que vou é uma nova experiência que vivo, as letras estão sempre impecáveis, os arranjos estão muito bem construídos, é um álbum para escutar enumeras vezes, contém a participação de músicos do Uruguai, Alemanha, Portugal, Brasil e Argentina.

Disponível para download gratuito em: www.wado.com.br
Produzido por Wado.
Gravado por Jair Donato, Shina, Pedro Ivo Euzébio, Dinho Zampier, Joaquim Prado, Vitor de Almeida e Tácio Mendes.
Mixado por Pedro Ivo Euzébio | Masterizado por Sergio Soffiatti
Foto | capa por Pedro Ivo Euzébio.

 
Por Jefferson Britto*
*[https://www.facebook.com/JeffersonBritoo] é um grande amigo que gentilmente vai disponibilizar suas impressões sonoras aos leitores do eventual blog sempre às sextas-feiras.  

quinta-feira, 9 de abril de 2015

#eventualcomenta - Ratos em Maceió por Décio Filho


 
Ratos de Porão em Maceió, turnê do álbum Século Sinistro pelo nordeste, por que não ir? Principalmente agora que os caras estão com um trabalho muito elogiado pela crítica especializada. É listado entre os melhores discos não somente do segmento punk/hardcore, mas de música extrema.
Século Sinistro é marcado por muito peso, velocidade e riffs destruidores. Ainda apresenta letras sólidas, coerentes, uma boa descrição e valor de registro da atual situação social e política do Brasil.
Posso resumir o show como impecável, destruidor, rodas power violentas. Ou ainda, descrever as habilidades dos integrantes, como, Boca monstro na bateria; Juninho baixista seguro e saltos cada vez mais improváveis; Jão criatividade não falta para a criação de riffs; e por último o velho João Gordo, ame-o ou odeie-o, agilidade no vocal e presença de palco. Enfim, toda uma gama de caricaturas já registradas até como arte de estampa de camisa e capa de cd.
Porém, venho destacar o profissionalismo da banda. São mais de 30 anos de existência. O nível atingido pelos caras não é unicamente resultado da criação de músicas pesadas e velozes. A vinda de Boca para a banda não só trouxe benefício para a bateria, mas como gerente, produtor. Os caras têm agendas anuais consolidadas na Europa. Tocam em diversos festivais de verão como headline, por exemplo, no Obscene Extreme Festival, o maior festival de grind do velho continente.
 
 
 
 
A carreira hoje é bem conduzida, administrada com inteligência. Por exemplo, ultimamente a história da banda está sendo utilizada como produto. Os resultados são os documentários, “Guidable” e o “30 anos Crucificados pelo Sistema”. Assim como, a figura midiática de João Gordo, apropriada para a divulgação da banda. A música “O sistema me engoliu”, do álbum Onisciente Coletivo, 2002, fala desta inserção do Gordo. Caricatura ideal para ocupar espaço em uma banda punk ou um personagem de quadrinho da revista Chiclete com Banana, do politicamente incorreto e vivendo a margem do Sistema para se tornar um ícone da cultura jovem-pop.
No show, entre os intervalos para respirar, explicou João Gordo, “somos uma banda de idosos, já não temos fôlego. [...] Temos a idade de sermos pais da maioria de vocês aqui”. Houve muita interação com o público pegando na mão e pausas para fotos.  E no fim da apresentação os caras cederam espaço para receber uma parte do público no camarim para fotos, autógrafos e conversar. Acredito que seja resultado da assimilação das características do entretenimento que estão inseridos.
Por fim voltei para casa satisfeito e aguardando agora o show do Olho Seco em junho.
 
Foto/Texto: Décio Filho