quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Resenha: Cavalera Conspiracy em Salvador, por Décio Filho*




 
 
 
Em uma data histórica, 7 de setembro de 2014, dia da Independência do Brasil, foi a vez de Salvador, Bahia, receber um dos shows da turnê Sul-americana do Cavalera Conspiracy. Noite fria e chuvosa do domingo, fui ao evento com o objetivo de ver os irmãos Max e Iggor, tocando novamente juntos na capital do Estado e no País. Em frente a casa de show, The Hall, por volta das 19hs, já era possível observar um bom público aglomerado, não só da capital, mas também de cidades do interior. A galera foi chegando aos poucos. Muitos permaneceram do lado de fora, preferindo a cerveja mais barata e a audição dos sons dos carros que tocavam quase que unânimes álbuns das fases iniciais do Sepultura. Assim só entrando por imposição da chuva que começou a despencar, por volta das 20hs, consequentemente não viram a apresentação da banda de abertura, Capadócia, metal, do ABC paulista.

Por volta das 21hs é a hora do Cavalera, o sexto show, o terceiro consecutivo, da turnê que começou no dia 31 de agosto em Brasília. A aparição de Max Cavalera o leva a uma recepção calorosa, com gritos, aplausos e punhos ao alto. “E aê Salvador!” “Vocês estão prontos para detonar esta porra?”, saúda Max a plateia. E com sua guitarra em punho manda a primeira 'Inflikted', e uma roda é formanda no meio da casa de show, que só encerrou na última música do repertório, 'Roots Bloody Roots'. Outros destaques do setlist, como prometido pela banda, foram as músicas da fase do Sepultura. Tocaram, 'Troops Of Doom', 'Beneath The Remains', 'Inner Self', Arise, 'Desperate Cry',    'Refuse/Resist', 'Territory', 'Atittude',  'Orgasmatron' e 'Roots Bloddy Roots'. Ainda foram apresentadas duas músicas novas, 'Bonzai kamikaze' e 'Babilonium Pandemonium', do terceiro álbum “Pandemonium” que será lançando em novembro deste ano. Como participação, Richie Cavalera, filho de Max, dividiu o vocal em 'Black Ark'.


 É evidente as limitações físicas de Max, estas decorrentes do ciclo da vida, das sequelas da rotina pesada das turnês somada ao consumo de algumas drogas, principalmente a época do Sepultura. A voz não é mais a mesma. Há dificuldades de impor o vocal grave e rasgado, que o consagrou no Sepultura. Entretanto, a sua experiência e genialidade o conduz aos atalhos, enfrentando todas as limitações. O velho Max demonstrou um total espírito jovem. Se preocupou com a qualidade do som e em comunicar com o seu público. Ele tava em casa, queria falar com os seus, não poupou o português, “Vamos aê salvador”, “Grita aê!”, “Como vocês estão”, “Canta mais alto!”. Era visível a satisfação em tocar, faixa por faixa do repertório.

Por fim, o show superou as minhas expectativas a qual o fato de ver os irmãos Cavalera pela primeira vez já seria satisfatório. Vi um Max com bastante disposição e bem à vontade. A The Hall me surpreendeu também, uma ótima casa de show, com um bom palco e acústica. Eu tava ali vendo os caras detonando tudo. Um sonho de adolescente realizado. Sai do evento com plena convicção que ainda teremos muito mais trabalhos de Max e Iggor Cavalera pela frente.
 
 
*Décio Filho é arquivista e colaborador do eventual blog.
      Fotos: [https://www.facebook.com/decio.filho.58]               

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

RESENHA DE SEXTA #01# THE BAGGIOS

"...me rendi ao som cru da The Baggios! Os dois fazem um blues rock ao melhor estilo whatever, é peso e swing numa pedrada só.
Então pode abrir aquela cerveja que está esquecida no fundo da geladeira, pois o som da banda pede algo etílico correndo em nossas veias. The Baggios é um duo como foi dito antes, atualmente conta com Júlio Andrade - vocal, guitarra solo e Gabriel Carvalho – bateria, apesar dessa formação nos discos é fácil ouvir outros instrumentos que encorpam a música que eles fazer, as vezes conta com um teclado bem no estilo The Doors em outras o naipe de metais fazem o tom de algumas músicas não todas é claro, pois não se engane pois isso não deixa a música leve em momento algum, pois as guitarras são bastante distorcidas e a bateria bastante anos 70.

 
The Baggios é do estado de Sergipe e vem surpreendendo a críticos a cada show, com dois discos já lançados e vários festivais na bagagem mostra que veio para ficar e merecem tudo o que estão conquistando, recentemente fizeram parte de uma coletânea feita pelo site OasisNews em comemoração aos 20 anos do lançamento do Definitely Maybe da Oasis junto com outras quinze bandas de indie rock do Brasil, eles tocaram Rock and Roll Star executada lindamente no melhor estilo The Baggios de ser!
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Em 2013 foi lançado o disco Sina, com uma capa que te atrairá em qualquer loja de discos, uma foto ou desenho (não consegui identificar direito) de um senhor segurando uma mala no meio do trilho de um trem, parecendo observar o trem que partiu e não o levou, faz os mais saudosistas sentirem saudades das capas dos discos de vinil que nos permitia ver cada detalhe da arte dos álbuns.
O disco começa com uma pedrada na orelha, a primeira faixa Afro já nos mostra toda a versatilidade e gingado da bateria acompanhada de uma percussão no melhor estilo anos 70, guitarra nervosa cheia de riff te deixa fazendo air guitarra sem nem perceber, tente ficar parado numa hora dessas... é muito difícil! Em Sina a Baggios fez a escolha correta, buscou e aprimorou tudo aquilo que tinha de melhor no primeiro álbum e maximizou nesse álbum, todo cantado em português sendo um grande diferencial, com canções no maior estilo Led Zeppelin e passeios sonoros que vão Black Keys  a White Stripes e ao mesmo tempo mostrando toda a sua identidade, mostrando que são nordestinos com aquele sotaque que te prende ao fone de ouvido, na faixa Salomé me Disse tem um acordeom para mostrar que até misturar um xote com Rock é permitido.
Esturra Leão é a minha preferida, com um naipe de metais a faixa tem uma letra irreverente, Baggios amadureceu e passa com tranquilidade no temido teste do segundo disco, eles merecem respeito pois vivem no underground, com músicas que não tocam no radio mais alcançam várias partes do país.
Eu só te aconselho a escutar Baggios". Jefferson Brito*.
 
Fotos: http://www.thebaggios.com.br
 
*[https://www.facebook.com/JeffersonBritoo] é um grande amigo que gentilmente vai disponibilizar suas impressões sonoras aos leitores do eventual blog sempre às sextas-feiras.